terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
matlab no terminal ".bashrc"
escreva o caminho do caminho do arquivo da inicialização no .bashrc
e exporte através dos comandos assim como no exemplo para o fortran
da intel
PATH=$PATH:/opt/intel/Compiler/11.1/064/lib/ia32
export LD_LIBRARY_PATH=/opt/intel/Compiler/11.1/064/lib/ia32/
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
O escafandrista
hoje é um daqueles dias maravilhosos! Acordamos sem nenhum real no bolso mas divinamente bem pagos pelas companhias.
Foi um bom dia, não apenas pela palavra que aprendi...
Escutei uma música de Chico Buarque enquanto colocava ração para Emily.
Chico Buarque que também tem sido uma ótima companhia desde que cheguei a Salvador me alertou para a palavra escafandrista. Como tive que sair rapidamente para o trabalho não tive tempo de consultar o dicionário, e acabei deixando pra lá!
Mais tarde, ao chegar na sala, perguntei para um amigo sobre esta palavra:
Você sabe o que faz um "escaLAfandrista"? Acho que ainda não tinha me acostumado a esta palavra quando ele suavemente falou...Eu conheço escafandro, é uma roupa especial para mergulho, então dei risada pelo meu erro como é de costume e finalmente descobri que a palavra realmente tinha ligação com a exploração do desconhecido ou de algo escondido e sai feliz daquela simples conversa ...
Acho que agora terei vontade entender o mundo através do "mergulho".
Vou deixar a letra música para vocês conhecerem...
Futuros Amantes
Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio
Num fundo de armário
Na posta-restante
Milênios, milênios
No ar
E quem sabe, então
O Rio será
Alguma cidade submersa
Os escafandristas virão
Explorar sua casa
Seu quarto, suas coisas
Sua alma, desvãos
Sábios em vão
Tentarão decifrar
O eco de antigas palavras
Fragmentos de cartas, poemas
Mentiras, retratos
Vestígios de estranha civilização
Não se afobe, não
Que nada é pra já
Amores serão sempre amáveis
Futuros amantes, quiçá
Se amarão sem saber
Com o amor que eu um dia
Deixei pra você
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
Carta primeira
Embora as cartas estejam em desuso no mundo das pessoas que sempre querem saber para quê? Eu ainda muito novo tinha me encantado e dado o seu devido valor.
Ainda que pareçam bregas as palavras que seguem este escrito posso justificar pela minha adolescência em gastei todos os meus versos, prosas e desenhos.
Lembrei desta primeira paixão quando estive na formatura de um amigo e encontrei por lá a pessoa para a qual seria endereçada a minha primeira carta.
Para a linda C...
Brumado, 1 de abril 1997
Hoje ....
....
versos
....
Fico sempre arrependido quando vejo aquela mulher, e não por ela, mas sim pela carta que não enviei.
Lá tinham os meus primeiros versos, os mais doces, e os sonhos mais puros. E a vontade simples
de não enfraquecer diante daquela que viria a ser a primeira namorada.
A carta naturalmente no seu interlúdio que torna qualquer outra pausa entre duas pessoas
dispensável me transformou mesmo sem completar o eu ciclo. Tudo que eu precisava estava em mim, paixão, tristeza por não saber o que melhor escrever e por fim o medo
de perder a vontade de viver neste mundo de ilusões. Estava eu, debruçado sobre Vinicius de Moraes e Alvarez de Azevedo querendo conhecer suas obras e cada dia que passava estava mais distante de quem motivará naquela investida. Os livros não perdiam seu charme por estarem em estantes de metal e tão pouco pelas bibliotecárias que mau sabiam de sua existência. Aquele ambiente estava decadente, mas aquilo que estava sendo lido vivia em algumas pessoas. Parecia uma paixão pelas calçadas daquela linda menina que aos poucos foi perdendo lugar para um narcisismo e uma eloquência enrigecedora. Estava agora obsecado por personagens e só me dei conta daquele pensamento quando tive a oportunidade de entregar aquela carta e não o fiz. Não tive vontade de trair as mulheres
perfeitas das "Liras dos Vinte Anos" muito menos a Tereza, Tatiana e a Lua de Vínicius.
Esta carta não posso mais entregá-la, mas não exitei de entregar para uma mulher em especial as minhas melhores cartas.
Lembro claramente quando namorei uma menina de Vitória da Conquista, apenas pelas
cartas. Tivemos alguns dias juntos e quase um ano de cartas inesquecíveis. Mas o dia mais curioso foi um reencontro. Viajei 500 km para viver algo muito incomum totalmente sm espaço e tempo. Numa praça, as 17:00h no inverno de uma das cidades mais frias da Bahia, e a lua já disputava seu espaço para presenciar aquele momento. Ficamos alguns minutos parados e nos abraçamos, beijamos mas a voz não saia...Era uma espécie de pacto, "apenas as cartas falam" então trocamos cartas de despedida pessoalmente e as palavras escritas eram o suficiente. Cada um em uma direção e o adeus já estava escrito. Deste último dia não escrevi mais nehuma carta e a beleza que tinha em mim gastei nas linhas finais que pode escrever com a doce ajuda do velho amigo Vinicius. Somente um ano depois com pena de ler aquela última carta conheci este poema que ela me enviou
e me alertava sobre a minha carta não enviada sem que eu tivesse algum dia comentado sobre a sua existência.
Para R.
Vitória da Conquista, 13 de agosto 2002
Olá! Como será difícil tecer esta carta....como você esta lendo
esta carta não nos falamos...
...
...
Os amantes das cartas sabem que uma carta não pode deixar de ser enviada,
embora você tenha me ensinado quase tudo sobre Vinicius existe um poema
dele que você ainda não conhece ou prefere evitá-lo. Então permito que você
se reencontre ....
....
...
Beijos!
I. P.
A carta que não foi mandada
Paris, outono de 73
Estou no nosso bar mais uma vez
E escrevo pra dizer
Que é a mesma taça e a mesma luz
Brilhando no champanhe em vários tons azuis
No espelho em frente eu sou mais um freguês
Um homem que já foi feliz, talvez
E vejo que em seu rosto correm lágrimas de dor
Saudades, certamente, de algum grande amor
Mas ao vê-lo assim tão triste e só
Sou eu que estou chorando
Lágrimas iguais
E, a vida é assim, o tempo passa
E fica relembrando
Canções do amor demais
Sim, será mais um, mais um qualquer
Que vem de vez em quando
E olha para trás
É, existe sempre uma mulher
Pra se ficar pensando
Nem sei... nem lembro mais
em Poesia completa e prosa: "Cancioneiro"
Adeus!
Ass. R
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
O silêncio do motor me fez chorar
na maior capital brasileira, uma das maiores cidades do mundo e de casa quase nunca saia.
A maior conexão com o mundo sempre acontecia nos dias que meu pai estava em casa quando voltava da viagem. Morávamos próximo a Serra da Cantareira, numa rua íngreme, Rua D. Pedro II a julgar pelo nome parecia importante mas ao final desta rua tínhamos um convento e logo perto em outra rua, um cemitério. Um lugar cercado pela dor do sorriso das freiras e alegria no choro daqueles que vêem nos mortos uma boa forma de se recuperar na vida.
Os meus ouvidos e os do meu irmão tiveram sido treinados desde pequeno a captar os roncos do caminhão do meu pai. Bastava ele subir a ladeira que já sabiámos que era ele que retornará para casa. A alegria contagiava, o homem que carregava em si toda a alegria do mundo estava de volta. Um pouco cansado, mas feliz. Tão contente quanto a personagem de Clarice Linspector em "Felicidade Clandestina". Não precisa de presente, não precisava nenhum doce. Era apenas a pureza e leveza de um homem de coração bom, até hoje é assim. Para tornar esta história um pouca menos subjetiva existia apenas um troca material nesta relação, eu e meu irmão não dispensávamos ficar dentro da cabine do caminhão.
Meu pai além de um homem bom também era muito forte e decidido. Mas como todo homem com estas características ele também tinha a chance de ser um pouco imprudente. Foi num dia como qualquer outro, que a carreta (carroceria do caminhão - parte de trás para os leigos em caminhões) não estava carregada que meu pai saia para fazer reparos no cavalinho (parte dianteira do caminhão). No dia anterior, meu pai tinha trocado as baterias do caminhão e espera que tudo estivesse funcionando corretamente. Mas não foi isso que aconteceu na manhã seguinte. Os caminhões mais velhos só saem do lugar quando um balão de ar esta cheio e então fica habilitado para frenagem. Como as baterias não funcionaram, o motor também não e finalmente o caminhão não era capaz de freiar. Então surgiu a triste idéia de ligar o caminhão no tombo, que só é feito com automóveis. Meu pai pediu que eu e meu irmão saíssemos do caminhão e que ficassemos na calçada. Quando ele tentou colocar o caminhão no tombo não funcionou e o ar comprimido acabou, o caminhão estava desgovernado e meu pai estava dentro dele e numa ladeira íngreme.
Então eu e meu irmão presenciamos aquela que seria a pior cena da vida, a morte do pai e nada não poderíamos fazer. Na nossa rua haviam várias árvores antigas, afinal morávamos próximo a uma floresta. Então meu pai bateu na primeira árvore e não adiantou o caminhão ainda estava em velocidade alta, segunda árvore e o desespero aumentava, será que ela estava machucado? A cabine já estava toda amassada então como Judas que negou cristo por três vezes estava meu pai chocando contra aquele que seria o seu terceiro suspiro de vida. Corremos, cheguei a cair quando ia em direção ao caminhão esperando encontrar os distroços da minha felicidade. Foi quando ainda estava na metade da ladeira e vi o homem mais forte do mundo sair lentamente daquela cabine irreconhecível. O meu choro não parava ainda que eu o visse inteirinho sem arronhões.
Em casa sentado, pela primeira vez vi meu pai chorarava e dizia que tinha vontade de URRAR como seu signo pedia.
Hoje sou um pouco mais velho e mesmo morando longe do meu pai posso ouvir sua risada a quilômetros e o ronco do motor ainda me acorda para a felicidade.